Rio, 24 de fevereiro de 2020. Dandara está se preparando para desfilar no sambódromo pela primeira vez, Tainá está ajudando a organizar o evento e Ronildo está ansioso por uma última noite desenfreada com um bate-bola. Seus planos são abalados por uma decisão precipitada, cujas repercussões aumentam a cada hora que passa. Em meio a esse tumulto, dois dos personagens encontram o amor de forma inesperada.
Foi lançado em 24 de agosto de 2024 no Brasil!
O Grande Dia foi incluído no Listão da semana da prestigiada revista literária Quatrocincoum, no dia 3 de fevereiro de 2025
“O autor trabalha questões importantes de forma leve e interessante. Dono de uma escrita fluida e envolvente, mantem o leitor preso à trama, eu simplesmente não conseguia parar de ler.”
@maeliteratura
“O mais impressionante é como au autor construí uma trama que capta bem a realidade carioca. Ele não só mergulhou no universo das escolas de samba, como trouxe para as páginas o contraste entre a grandiosidade do Carnaval e as dificuldades enfrentadas pelos moradores da cidade. Em poucas páginas, O Grande Dia mostra como as desigualdades sociais, a violência e o abuso de poder permeiam a vida de tantos brasileiros. Mas também ressalta a força, a resiliência e a paixão de um povo que, apesar de tudo, segue lutando e celebrando.
Uma leitura rápida, mas impactante, que me pegou de surpresa e me fez refletir. Super recomendo!”
@lemoslemas
“Querido autor, obrigada por me fazer ressignificar o carnaval. Obrigada, acima de tudo, por me mostrar que recortes sociais não são apenas um estado de nascença, recortes sociais são vida, a vida de alguém, o sonho de alguém, o futuro de alguém. Através da sua escrita pude sentir o sabor de um sonho que para mim era mera estampa de folhetim. Agora eu sei que se trata da existência e da resistência de pessoas que movem as engrenagens desse país. Quem diria que seria um suíço que me faria ver com outros olhos, uma parcela da cultura desse país. Sei o quanto você é grato ao Brasil, mas saiba que, essa brasileira que vos fala, agradece a honra de ter acesso a uma escrita extremamente cativante e por tudo o que você representa.
Obrigada ❤️”
@umtocdelivros
“Adorei essa leitura! Realmente uma odisseia carnavalesca, com muitos imprevistos, choques de realidade e bom humor! Fiquei impressionada e muito satisfeita com o final!”
@retratodaleitora
“Tudo isso corre numa narrativa fluente. Rápida, mesmo. Como o livro percorre este prazo curto de tempo, a ação é constante, o movimento é a marca das personagens romanesca de Cormon. Mas não se trata de um movimento que espanta ou impossibilita ações mais reflexivas.
Listas literárias
O autor descreve, com riqueza de detalhes, as dificuldades que os moradores de comunidades passam diariamente. A violência, o abuso do poder das autoridades, os preconceitos, as diferenças de classe. Aborda todos estes temas com uma escrita crua a realista, dando destaque para a importância do carnaval para essas pessoas (…). O livro me surpreendeu de forma muito positiva. Eu moro em comunidade, e afirmo que Pierre Cormon foi preciso e certeiro em sua narrativa..”
@drii_book_cafe
“O autor consegue demarcar muito bem como fúnciona a lógica que separa o povo do morro do povo do asphalto e como o carnaval insere, ainda que por pouco tempo, uma nova lógica de acesso à cidade. A Cidade Maravilhosa vira um grande palco e o povo preto e periférico são os protagonostas.”
@rafaelmussolini
“O epílogo é de tirar o fôlego. A conclusão das três histórias me deixou feliz e triste ao mesmo tempo (…). O livro tem uma narrativa envolvente, que prende do início ao fim. É uma leitura rápida, mas intensa. Gostei muito da brasilidade presente na obra, e confesso que fiquei surpresa ao descobrir que o autor não é brasileiro!
@livrosflutuantes
“Essa é a primeira obra que Pierre escreve diretamente em português, e jà fica claro o quanto ele respeita e compreendre a realidade brasileira. O autor conduz o leitor com naturalidade, como se fosse um carioca descrevendo a rotina, os gestos e até as gírias que reconhecemos no dia a dia”.
@date_nabiblioteca
“Achei que iria encontrar uma história focada no carnaval do Rio, porém o autor trouve muito mais que isso (…). A história de Dandara e de Ronildo mexeram demais comigo.”
@leiturasdageh
“Um livro encantador e corajoso sobre um dia de carnaval no Rio de Janeiro”
@leioeresenho
“Acho sensacional (…). A personagem principal, Dandara, passa por uma odisseia na cidade do Rio de Janeiro, com a maior diversidade de coisas, a maior diversidade de experiências. Vale a brincadeira”
Radio Arquibancada
“Um dos poucos romances cujo enredo gira em torno de um desfile de escola de samba”
Carnavalesco
Caraca! Que noite! Sentado no chão, as costas contra uma caixa de madeira, ao lado do seu priminho Chico, a cabeça ainda virando e com uma fome que rasgava seu estômago, Ronildo tentava colocar um pouco de ordem em suas lembranças. Há anos que Chico e ele queriam integrar o bate-bola da Sereia. Provavelmente por influência do tio Ataulfo. “O bate-bola é a verdadeira tradição carnavalesca”, costumava dizer. “As escolas de samba viraram espetáculos para turistas e muitos blocos também. Mas o bate-bola é coisa nossa. Vem do povão, existe só por e para ele.”
Não foi fácil juntar o dinheiro das fantasias. O dono da oficina mecânica, onde Ronildo fora empregado durante dois anos, não tinha mais nada para lhe oferecer. “É a crise para todos, companheiro”, explicara. “Já sei que você trabalha bem, e teria gostado de poder mantê-lo na empresa, mas, se não tenho mais clientes, não preciso nem do melhor lanterneiro do mundo, mermão!” Ronildo e Chico conseguiram uns bicos aqui e ali. Trouxeram caixas da Central de Abastecimentos, em Irajá, sacos de cimento para obras do bairro, fizeram algumas entregas para negociantes, venderam bolos na rua.
Mesmo assim, o dinheiro estava longe de bastar. Parte dele estava destinado a contribuir para as despesas das famílias; restava pouco. Ronildo tentou pedir emprestado o que faltava para várias pessoas, sem sucesso. A família não tinha como ajudar; já tinha que arcar com as despesas para tratar da saúde do avô. Os amigos e os vizinhos não tinham condição — pelo menos, foi o que disseram. Foi só quando ficou bem claro que não tinha mais solução que Ronildo resolveu visitar o Marlon Brando, sem dizer a ninguém.
O comum era recorrer aos serviços do negociante só quando realmente se precisava. Era dono de algumas lojas de roupas e, paralelamente, emprestava dinheiro e resolvia problemas, graças às suas numerosas relações. Desempenhava ao mesmo tempo o papel de banco e o de despachante da comunidade. A proximidade dele, tanto com o tráfico quanto com a polícia, era conhecida, embora não se soubesse exatamente o que tricotavam juntos.
Marlon Brando não hesitou em conceder o empréstimo. Nem perguntou para que o moço precisava da grana. “Aqui não é Casas Bahia”, costumava dizer. “Zero papelada e zero inadimplência.” Foi assim que conseguiram pagar as fantasias. Chico soube que parte do montante fora emprestado e precisaria ser devolvido. Não perguntou por quem. E Ronildo ainda não sabia como juntariam verba para pagar a dívida.
Mas valeu a pena! A fantasia era realmente linda e essa noite foi irada.
(,,…)
Um lado de Ronildo se sentia orgulhoso de ter participado. Outro ficava imune à alegria e à satisfação. Conseguira afastar as suas preocupações durante a noite toda, até o início da manhã, mas agora que estava acordado e satisfeito, elas voltavam com mais força. O Marlon Brando lhe mandara um recado dois dias antes. Queria o seu dinheiro para o final do mês, ou seja, dentro de uma semana, “conforme o combinado” (porra, o que era isso? Ronildo não lembrava de ter fixado um prazo com ele). E também apresentou um cálculo que incluía juros, o que Ronildo não previra. A dívida de repente se tornara mais urgente e mais alta. De que forma iriam juntar tanto dinheiro em tão pouco tempo? Pedindo emprestado a outra pessoa? Mas se soubesse a quem, teria feito isso diretamente em vez de pedir ao Marlon Brando. E não seriam os bicos na Central de Abastecimentos que bastariam.
— Chico, a gente precisa de trocar uma ideia — anunciou.
— O que foi?
— Depois te falo. Quando a gente tiver sozinho.